Importância da apuração jornalística e da responsabilidade ética

Ontem, quarta-feira (28), aconteceu no II Simpósio de Jornalismo e Direito do Araguaia, na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia, a oficina “Mídia Justiceira: o jornalista como promotor e juiz”, ministrada pelo professor da própria instituição Gesner Duarte. Esta foi uma das 15 oficinas e minicursos que estão sendo oferecidas pelo evento durante as tardes e manhãs dos quatro dias. No primeiro momento, o jornalista e professor apresentou as atribuições do juiz e do promotor no judiciário, ressaltando que, muitas vezes, simbolicamente, a mídia assume tais funções. “Principalmente nos casos de grande repercussão popular, aqueles que envolvem crimes hediondos”, afirmou Gesner. O professor discutiu sobre a iniciativa da mídia em trazer à tona casos delicados de investigação, muitas vezes sem a devida checagem e apuração. Hipoteticamente, destaca que vários podem ser os motivos, dentre eles, a inoperância do judiciário e até mesmo à busca por audiência ou lealdade à linha editorial. Segundo o jornalista, a falta de apuração exaustiva, principalmente em casos de grande comoção popular, pode provocar estragos na vida daqueles que estiverem submetidos às acusações. Para ilustrar a reflexão, ele trouxe um caso conhecido, o da Escola Base, que aconteceu em São Paulo em 1994. Nesse caso, a participação intensa da mídia resultou numa grande repercussão popular, baseada em declarações do delegado que conduziu as investigações e que não conseguiu nenhuma prova contra os sócios da escola, acusados de abusar sexualmente dos alunos do ensino infantil. Dezenove anos depois, os acusados na época (que já foram inocentados pela justiça) ainda sofrem os prejuízos acarretados por uma cobertura jornalística que em nenhum momento se preocupou com a checagem e apuração dos fatos. “A mídia e a imprensa são as caixas de ressonância da sociedade”, alertou o jornalista. Por isso, a mídia nunca pode se precipitar na tentativa de conseguir um furo de reportagem. Ressalta que é necessário postura ética, uma vez que os meios de comunicação têm grande influência no julgamento (tribunal do júri), ao incitar a opinião pública. “A mídia tem que desempenhar um papel fundamental da sociedade, que é a responsabilidade ética no tratamento do outro. Vivemos num Estado democrático de direito que tem nos dado grandes conquistas, e não podemos jogar tudo isso no lixo por irresponsabilidade profissional”, concluiu Gesner Duarte. Texto e fotos: Lázaro Gomes

. ...........
...........